domingo, 20 de setembro de 2015

O consagrado à Deus, me abençoa também




Quando Jesus e Seus discípulos passavam pelas searas num dia de sábado e estavam todos com fome, os discípulos foram colhendo espigas de milho e comendo. Os fariseus, sempre atentos a tudo o que Jesus fazia, recriminaram tal atitude, porque era um sábado e os penduricalhos na Lei de Moisés condenavam qualquer tipo de trabalho no sábado.

Na verdade era uma hipocrisia dos fariseus, que não deixavam de trabalhar no sábado, embora de forma dissimilada, escondida, posto que o farisaísmo fosse radical com os outros, mas profundamente compreensivo com seus líderes, do jeitinho que Jesus disse: “Pois atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; eles, porém, nem com seu dedo querem movê-los.” (Mateus 23:4).

Respondendo aos fariseus, Jesus disse: Não tendes lido o que fez Davi, quando teve fome, ele e os que com ele estavam? Como entrou na casa de Deus, e comeu os pães da proposição, que não lhe era lícito comer, nem aos que com ele estavam, mas só aos sacerdotes?”(Mateus 12:3-4).

Davi foi um rei que deixou saudosa memória em Israel, principalmente naquele contexto histórico quando Israel estava sob o domínio do Império Romano e havia um anseio coletivo por libertação, tanto é que no imaginário popular, o Messias seria um novo Davi, um rei forte, guerreiro e que viria para libertar a nação. Por essa razão Jesus citou um episódio acontecido com Davi, logo que ele soube que Saul queria matá-lo e fugiu para salvar sua vida, para ilustrar a hipocrisia dos fariseus.

Vamos começar pelo começo? O que são pães da proposição? Havia no Templo de Jerusalém, mais precisamente no Santo Lugar, uma mesa onde eram colocados pães, ou bolos sem fermento, que deveriam ficar sempre na presença de Deus e estes eram os pães da proposição, que numa tradução livre significa pães da presença, pois eles deveriam ficar sempre na presença de Deus. Eram pães sagrados e que eram trocados periodicamente pelos sacerdotes por novos pães quentinhos.

Davi estava fugindo de Saul, Jônatas havia descoberto que seu pai estava disposto a matar Davi e não havia alternativa viável para salvar sua vida a não ser fugir. Em sua fuga Davi chegou na cidade de Nobe e foi falar com o sacerdote Aimeleque, que ficou desconfiado, porque Davi parecia estar sozinho e ficou com medo dele. Então Aimeleque perguntou a Davi: “Por que vens só, e ninguém contigo?” (1 Samuel 21:1).

Davi disfarçou sua condição de procurado pelo rei Saul e disse que tinha ido fazer um negócio secreto para o rei, mas apontou o lugar (a certa distância) onde estavam seus moços. Davi e seus poucos companheiros de fuga estavam com fome e ele pediu ao sacerdote que lhe desse pão para comer. Aimeleque disse a Davi: “Não tenho pão comum à mão; há, porém, pão sagrado, se ao menos os moços se abstiveram das mulheres.” (1 Samuel 21:4).

O sacerdote queria ajudar Davi, mas temia que ele e seus companheiros de “viagem” tivessem deitado com mulheres, porque isso os tornaria impuros de acordo com a lei mosaica. Davi explicou que há três dias estavam viajando e que não tinham estado com nenhuma mulher, e argumentou com o sacerdote que aqueles pães de alguma forma eram comuns, porque naquele dia outros pães seriam consagrados a Deus e o sacerdote lhe deu os pães sagrados.

Aimeleque deu os pães da proposição a Davi, porque naquele mesmo dia outros pães seriam consagrados e não havia outros pães disponíveis para a alimentação e Davi e seus moços comeram os pães da proposição.

Jesus citou Davi e os pães da proposição, porque Davi era um herói nacional e ele fez o que os fariseus certamente condenariam de pronto: comer o pão sagrado. Acontece que Deus não é um bicho papão e Ele entendeu a situação de necessidade de Davi, da mesma forma como Jesus entendeu que Seus discípulos estavam apenas matando a fome e nada havia de reprovável em sua atitude.

Para finalizar Jesus disse aos fariseus: “O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado. Assim o Filho do homem até do sábado é Senhor.”  (Marcos 2:27-28). O sábado (ou o domingo, ou a segunda-feira, ou outro dia da semana), foi feito por causa do homem e não o inverso e Jesus é Senhor de todos os dias da semana, inclusive do sábado. Os fariseus recolheram momentaneamente sua caixinha de pandora e saíram de fininho.

A grande lição do texto não diz respeito a pães, ou espigas de milho, mas diz respeito ao homem e sua relação com Deus. Jesus ensinou que Ele veio nos salvar dos nossos pecados e nos conduzir em liberdade e não devemos ficar presos a qualquer regrinha que não venha Dele próprio. Jesus ensinou que Deus sabe de cada necessidade do homem e não fica vigiando ninguém com uma palmatória na mão, pronto para condenar e castigar qualquer deslize. Deus não é um carrasco e não tem prazer em castigar ninguém, pelo contrário, o homem pecou e Ele mandou Seu Filho para resgatá-lo do pecado e da morte.

Deus tem prazer em satisfazer o desejo do seu coração, mas, para isso, você já conhece a regrinha de ouro: reconhecer Jesus como seu Salvador e viver uma nova vida, com uma nova maneira de pensar e de ver o mundo. Jesus é Senhor e Ele só quer o seu coração.